Grupo Português de Gastronomia

Desde  2004 a apreciar os  " Poisos " de Portugal 

segunda-feira, 20 de abril de 2009

"Antiga Requieira" - Maia - Dist. Porto - RIP

A Requieira, é antes de mais, um poiso que tem de ser muito acarinhado, e acima de tudo, vão lá o maior número de vezes que conseguirem.

É que não estou a ver aquilo aberto por muitos mais anos. O Sr. João e a D. Maria, concerteza que vão querer usufruir de uns anitos de reforma. E herdeiros a tomar conta daquilo, não estou a ver. Não estou a ver nenhum herdeiro a dar o brilho aos tachos ali expostos e usados e areados como ninguém sabe.

Bem, afinal de contas o que é a Antiga Requieira? A história, ou melhor, o romance ja foi aqui publicado, por isso, vamos ao que interessa. Ao entrarmos neste poiso/tasco/taberna/o que quiserem, quer seja pela porta principal da sala de refeições ou pela taberna própriamente dita, andamos seguramente 40 anos para trás. Toda a arquitectura e decoração é a mesma desde a sua abertura, há mais de meio século.

Temos então três espaços: o 1º na taberna, com o Sr. João ao balcão, a servir uns petiscos com o vinho da pipa mesmo ali à mão. Este, pode ser, verde ou maduro, branco ou tinto. Tem também a modalidade em garrafa. o 2º espaço é a sala de refeições, um espaço pequeno, com cerca de 5 mesas. É uma sala muito castiça, muito limpa, com paredes pintadas de cor de rosa e com um curios aviso a dizer "proibido fumar" impresso ainda com as antigas impressoras de agulhas.

O 3º espaço, é o meu local de eleição, que nos transporta para um ambiente surreal mas ao mesmo tempo muito terrra-a-tera. Trata-se da cozinha, dividida ao meio por um balcão, onde normalmente está o presunto que vai sendo fatiado, uma grande peça de carne de onde saem imponentes bifes, o garrafão do azeite de trás-os-montes, a cebola que vai cobrir o bacalhau, etc. Depois de um lado do balcao, temos o fogão a lenha e o fogão a gaz, o primeiro, onde são feitos os assados, incluindo o ex-libris da casa, o bacalhau. Este úlimo é assado mesmo pousado nas brasas.

Do outro lado do balcão temos, mesmo enconstado a este uma pequena mesa para duas pessoas, em que uma delas, à hora "h" é o Sr. João. Mais à frente temos uma outra mesa, esta sim, onde cerca de 8 ou 9 comensais poderao disfrutar da excelente gastronomia que ali se pratica e ainda fazer novas amizades. Sim, porque ali é tudo ao molhe e fé em deus. É uma mesa comum, onde toda a gente se pode sentar enquanto houver lugares. Só não ha lugar é para vergonhas. E quando há, corremos o risco de sermos servido pelo parceiro do lado, que para quebrar o gelo, baptiza a nossa caneca com o branco ou tinto que lhe foi destinado.

Vamos aos pratos. Penso que a ementa ja foi aqui publicada. Nunca experimentei os pratos do dia, que são confecionados para o almoço. Apenas experimentei, o bife, os rojões e o bacalhau. A minha eleição vai para o bacalhau. E de olhos fechados! Tem uma qualidade muito pouco comum, e ainda mais comum é que esta nunca oscila.

Na altura do Verão poderá diminuir um pouco, mas tal deve-se ao facto do "dito" nao resistir a tanto calor, e fica um pouco mole. De resto, é sempre "topo". Em termos de sal, é que nunca falha! Das dezenas de vezes que ali comi bacalhau nunca tive de reclamar em relação ao sal. À sobrfemesa, venha o queijo com marmelada. O queijo pode ser flamengo ou tipo serra. A marmelada não é caseira, mas tem nota positiva.

Para terminar, o café e a bagaceira. O 1º podia ser melhor, a 2ª equilibra tudo o que seja necessário equilibrar. Esqueci-me de um 4º espaço, que é nas traseiras, mas onde nunca fiz nenhum repasto.

É um local a NAO PERDER e de rezar para NAO O PERDERMOS. Se tal for ameaçado, fazemos todos uma manifestação.

Pç. 5 Outubro 60 Sta. Mª Avioso
4475-601 Maia
Porto
telefone 229810153

1 comentário:

  1. Há 46 anos, o senhor João Monteiro Peixoto, comprou o restaurante Requieira, que assim se chamava pelo facto da sua proprietária de então, ser de Requião, uma freguesia de Vila Nova de Famalicão. Decidiu assim, chamar à sua casa Restaurante Antiga Requieira, mantendo desde então a mesma casa, sem lhe mexer e nos mesmos moldes que lhe trouxeram a fama: uma simpática adega onde se podem beber uns copos acompanhados de petiscos vários, uma sala de refeições muito simples, um pátio exterior onde se pode também refeiçoar e a parte mais importante da casa: a cozinha, onde estão duas mesas, uma mais generosa onde podem caber cerca de 8 a 10 pessoas e outra mais pequena, encostada ao balcão que separa esse espaço da cozinha propriamente dita e onde cabem à vontade 5 pessoas. E esta nesta sala/cozinha, com bons presuntos pendurados no tecto, com os tachos reluzentes de limpeza também pendurados, que se pode disfrutar de uma refeição que nunca mais se esquece. Das duas vezes que lá fomos, tivemos a sorte de comer na cozinha e clientes ficámos, pois que enquanto comemos, falamos com a cozinheira, a D.Maria, mulher do sr. João, que nos vai dando dois dedos de conversa e onde para além do mais estamos á vontade para pedir mais comida directamente à sua confeccionadora, que simpaticamente vai dizendo: " o que os senhores quiserem e precisarem". Esta segunda incursão, teve como desculpa uma reunião de "trabalho" que combinámos com os manos Vilaverde e revelou-se excelente. Mas vamos ao que interessa. Para entradas, vamos petiscando umas azeitonas deliciosas, uma broa excelente, uns pasteizinhos de bacalhau que são muito bons, pois teem, muito muito bacalhau e um presunto delicioso, cortado mesmo á nossa frente. Para prato pincipal, lá fomos para um dos estandartes da casa: o bacalhau assado na brasa, em fogão de lenha, mesmo ali á nossa frente. Primeira constatação: o bicho é enorme, bem demolhado e assado no seu melhor ponto. Acompanha o animal, umas batatas cozidas enormes, cortadas longitudinalmente e cozidas em água de mina. São deliciosas, carnudas, cozidas também no seu melhor ponto. Para além destas deliciosas batatas, acompanha também cebolas bem picantes, enormes, sumarentas. Tudo isto regado com um azeite de estalo. Para beber, temos o vinho verde ou maduro, branco ou tinto, saido mesmo dali do lado da adega em canecas directamente dos pipos, ou em garrafas sem rótulos. Seja como for, bom vinho se bebe neste Poiso. Mas nao se pense que a ementa se reduz a isto. Durante a semana pode-se comer desde cozido á portuguesa, bacalhau cozido com grão,carne de porco à alentejana, chispe com feijão branco, feijoada à transmontana,cabrito, carne assada, jardineira e mais coisas boas, todas elas afectas a um dia de semana. Os clientes habitués da casa , muitas vezes entram na cozinha e perguntam á D.Maria o que há para comer, sentam-se e comem o que vem para a mesa. A D.Maria na cozinha e o sr João na adega, vão mantendo este Poiso naquilo em que já habituaram os clientes: simplicidade, simpatia e comida excelente. Quem fica na cozinha a comer, pode assistir ao frenesim da mesma, com a D.Maria a cozinhar, orientar as mesas, fazer e contas e inclusivamente receber e fazer trocos. E tudo com um á vontade e desenvoltura que nos faz parecer que é muito fácil. Este Poiso é antes de mais um Poiso simples, e só la vai quem goste de comer bem, com simplicidade mas com qualidade. A visitar.



    Praça 5 de Outubro, 70 - Santa Maria de Avioso - Maia ( ao Castelo da Maia, esquina com a EN14, Porto/Braga).

    tel: 22-9810153

    Fecha ao domingo.Nao aceitam cartões de crédito e nao teem Multibanco. Preço baixo/medio
    _________
    Artur

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